quinta-feira, 15 de outubro de 2015

não vou ser eu a desconhecer a falta que me fazes. diz-me a ciência que existem mundos em que tu e eu não somos nós. assusta-me, a ciência. pergunto-lhe se está maluca. diz-me que não, que é possível. há mundos em que tu e eu não somos nós e eu questiono-me. longe da racionalidade diária,  se até os meus sonhos são feitos de um pequeno pó de nós. e a minha imaginação percorre campos, praias, montanhas, cidades. percorre carros, toalhas, sofás, jardins. percorre até ontem, hoje, amanhã e sempre. nós. assusta-me a ciência, diz-me que não sou capaz. mas eu sei que sou, que somos. somos capazes e em todos os cenários possíveis e imaginários, a minha razão diz-me que não há mundos em que tu e eu não somos nós.
amundeço-me aqui, deixa que me amundeça aqui. aqui onde faz sentido fazer sentido. e revolta a ciência dizendo que existem mundos em que tu e eu não somos nós. e eu acredito, ela diz que é possível, eu acredito. não quero acreditar, mas acredito. imagino-me a falta que me fazes. quando digo que te amo, é parte dessa falta que me fazes a falar. mas há mundos em que não te amo. em que não me amas. entristeço-me. por ti, por mim, por nós, pelo amor. o que é o amor sem nós?
a minha mente grita-me o que nem quero ouvir. entre versos de poesia e racionalidade, a ciência é bastante elucidativa. há mundos em que nem nos conhecemos. consegues imaginar, meu amor? eu também não. mundos em que não te tenho, mundos em que não sabes de cor as marcas do meu coração. mundos em que as nossas velhas fotografias não ficam a preto e branco. respondo-lhe, gritando ainda mais alto. não vou ser eu a desconhecer a falta que me fazes.