terça-feira, 28 de julho de 2015

por vezes, não faz mal em seres pequenina. às vezes é preciso, às vezes sabe bem. há dores que embrulhadas deixam um pequeno grande travo amargo na boca e que fogem ao pingo do nariz. e não é isso que quero de ti, que enchas o peito de uma adultez desnecessária presa às amarras do mundo.
hoje abraço-te e deito-me aqui, ao pé de ti. faço-te companhia o tempo que for preciso, quanto tempo quiseres, faz bem esperar por ti. não há mal nenhum em ficar à espera, no entretanto vou roubando fiapos de cabelo e espaço ao teu aconchego. vejo que o carinho confunde-se com o meu olhar e tu já não és tão pouco maior. sabes que para sermos grandes, podemos os dois ser um. sem saber bem como, nem quando ou porquê.
por mais longe que vás, por mais próximos que estejam os nosso corações. são eles os dois que parvos sorriem em jeito de primavera. o mundo é um lugar chato e feio e o paraíso um simples dar-te a mão. estás a ver, já não és tão pequenina assim e é tão bom o travo doce na boca. canta comigo, essa luz pequenina vou deixá-la brilhar. às vezes é preciso, às vezes sabe bem. por vezes, não faz mal em seres pequenina.

com amor, nunca desamor
homecoming heart

segunda-feira, 20 de julho de 2015

às vezes rio-me sozinho, quando me perco em devaneios próprios de meninos que não da minha idade. às vezes acontece, por momentos volto atrás no tempo, às tardes em que os bonecos ganhavam vida nas minhas mãos e salvavam o mundo, inteiro. mais imaginação, menos imaginação, rio-me quando te vejo em cima de um cavalo branco, de espada na mão a enfrentar dragões. só não salvas donzelas porque eu estou mesmo muito longe de ser uma, caso contrário, serias a heroína preferida de muitos. por enquanto, vais sendo a minha e espero que assim continues durante muitos bons e largos anos.
nunca te tinha dito? és a minha heroína de espada de papel. e admiro-te, todos os dias em que corres para a rua à procura de algo melhor, para ti e para os outros, de ser melhor, para ti e para os outros, de um mundo melhor, para ti e para os outros.
é estranho, tão estranho. mas o que todos vêem, eu vejo ainda maior. e se não fosses tu, minha heroína, que te fazes forte todos os dias e o fazes por mim e por ti, por nós, tu que tanto fazes por nos proteger e cuidar. e é por isso que te vou inventando histórias ao mesmo tempo que guardo, com afinco, as vitórias que conquistas todos os dias. um dia explico, a quem quiser saber, que as mãos calejadas e as rugas que te adornam são simples troféus que te fazem maior. um dia. por enquanto, dou asas à imaginação, conto-te em histórias e às vezes rio-me sozinho.

com amor, por amor.
homecoming heart

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Que o meu coração só tem olhos para dizer que te amo. ou amote, assim sem espaços ou revés. sôfrego tal e qual vontade ávida que tenho em conquistar-te todos os dias, fazer-te feliz todos os dias, dizer que te amo. todos os dias.
vou fazer-te tão minha que um dia vamos ser poemas de um qualquer poeta. calcorreio-te os lábios, diz ele, vagabundo-me pelo teu corpo, escreve ele. ah, o teu corpo. qual pequeno miúdo sou a brincar num parque de diversões. os teus olhos, podia ficar aqui horas a descrever os teus olhos castanhos escuros, aguarelas onde já ousei ver traços meus. o teu nariz, um escorrega de lábios, de dedos, deste meu sorriso que é teu. ou até os teus lábios. tenho medo de gastar os teus lábios. e se um dia já não há lábios para ninguém? não, deixa-me aproveitar enquanto posso.
quero que o nosso amor nos seja inato. e penso que nada melhor do que fazer de mim casa, onde te sintas bem aconchegada. um beijo e um abraço chegam, às vezes sinto-me inocente como criança, como estar parado e voar. anda, a próxima valsa é nossa. e por mais trambolhões, pés torcidos e joelhos esfolados por esse caminho fora, quero que saibas uma coisa, que o meu coração só tem olhos para dizer que te amo.

por amor, com amor.
homecoming heart

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Porque do amor, sabemos nós. bem longe do amor de hollywood, dos livros e histórias de encantar que nos prometeram quando o mundo parecia grande de mais para nós. hoje parece tudo mais fácil, somos nós que somos grandes de mais para um mundo que, sempre que queremos (e tu sabes que queremos muito) se faz pequeno. tão pequeno que dois simples passos me trazem o amor ao meu lado.
são tantas as vezes que me fazes falta, que olho à volta à procura de uma distração que me leve para longe da falta de ti. digo-te tantas vezes que sou capaz de tudo, mas minto, tantas vezes que não sou capaz de tanto. não sou capaz de passar um dia sem te falar, não sou capaz de passar um dia sem saber de ti, não sou capaz de passar um dia sem te ver, não sou capaz que tal incapacidade é proporcional ao tamanho do meu amor por ti. enorme.
sim, acho que gosto de ti. o suficiente para dizer que te amo. e, garanto-te, isso já é tanto de mim que ainda hoje me pergunto se foi a tarefa dantesca de dizer que te amo que te conquistou. a mim custou tanto, a ti custou tão pouco que ainda hoje acho que só tenho louros a repartir com a sorte. a sorte de te conhecer, a sorte de reparares em mim, a sorte de poder ser eu a adormecer-te, a sorte de te ter ao meu lado, a sorte.
foste, és e serás sempre diferente. somos dois diferentes num mundo de iguais. e conhecer-te diferente faz-me acreditar que vale a pena lutar todos os dias por um amor inadiado. e acredito veemente que lá fora poucos se apercebam de tanto. não faz mal porque do amor, sabemos nós.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Aquele abraço que o tornaste despedida. para mim era tão somente mais uma forma de dizer que te amava. nem tanto talvez apenas um abraço casual, simples, mundano para te mostrar que amanhã o que eu mais queria era fazer de ti feliz. parecia-me tão simples. todos os dias me convencia de que sim, eras tu. não só eras tu como éramos nós. o tempo não existia, foi invenção alheia à procura de ser peça num puzzle perfeito. uma, duas, três conversas. era tão fácil falar contigo, mais do que isso era tão fácil dar-te a mão, ficar a olhar para ti. entendias-me. e eu pensava que te entendia. contigo sentia ter direito a ser feliz, mais do que isso a ser feliz para sempre. é fácil quando o tempo não existe.
já passou tanto tempo que hoje já não sei que nome te dar. podias ser cátia, diana, filipa, tânia, susana, inês. um destes nomes assentava-te tão bem. era teu desde que abriste os olhos mas não era nosso. comigo tinhas um diferente, um segredo de todos.
sempre quis ter alguém que tocasse para mim. piano, contrabaixo, violino. talvez fosse aquilo que mais amava em ti. uns esguios dedos tímidos à procura de um acorde coordenado com o bater dos nossos corações. alguém que me fizesse rir, que fizesse de uma gargalhada alimento. alguém com aquele simples jeito que não tem jeito nenhum mas que faz sentido assim desse jeito.
ah, mas o amor não é justo. talvez o problema tenha residido aí, em tudo o que eu queria. tudo o que eu ousei fazer de ti eras apenas tu sentada em cima de uns quantos sonhos meus. tu não eras tu e nunca foste tu, eras apenas um nome que te inventei e um abraço de amor que tornaste, comigo, despedida.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Meia dúzia de tristes fins. a casa há muito que deixou de ser casa apesar de ainda ser tua. Apesar de eu ter tentado, veemente, fazer dela uma outra casa que não fosse tua ao mesmo tempo. não, a casa é tua porque sempre foi tua. ontem decidi fazer-lhe uma visita. por necessidade, sempre por necessidade porque a vontade sempre doeu. ontem decidi fazer-lhe uma visita, abrir a porta e espreitar onde andas tu. não, aquela já não é a tua casa mesmo que ainda seja tua. aquilo nem uma casa é. é apenas um monte de pedras, um conjunto de móveis, alguns azulejos e um par de janelas. o chão está sujo,
há várias portas abertas e nota-se que ninguém lá põe os pés há muito tempo. consigo contar mil e uma histórias em outros tantos sítios dentro daquela não-casa. a cama onde dormi, as escadas onde caí, a lareira que cheguei a ver acesa, o porão onde tinha medo de ir, o escritório que conheceu as tuas palavras, (...)
o silêncio é rei agora. fez um pacto com o vazio e apoderaram-se, juntos, daquilo que deveria ser para sempre teu num tempo qualquer sonho ou fantasia.
abri a porta de um armário. uma aranha cumprimentou-me e perguntou o que é que eu estava ali a fazer. disse-me que há muito tempo não via vivalma, depois fugiu por entre pratos, travessas.
no quarto estão sacos e malas no chão. malas por fazer, malas feitas à espera de viajar. não gosto daquele quarto, quase que bato com a cabeça no tecto. 
esta não-casa já não me chama. não, esta não-casa já não tem tanto de ti. mas talvez seja mais simples do que isso, do que possa parecer. a tua casa nunca foi a tua casa, fomos nós. e tu continuas em casa, a casa continua a ser casa e será sempre a tua casa. viveste-me.